ECO

Diversas ações ecológicas que visam a sustentabilidade são praticadas no ateliê urbano Luan Valloto. Em todo o ciclo de vida dos produtos aqui desenvolvidos, métodos teóricos são colocados em prática, como em um laboratório, só que eu chamo de ateliê. Vou descrever um pouco do ciclo de slow fashion:

SLOW FASHION CICLO DE VIDA LUAN VALLOTO

1- MATÉRIA-PRIMA NATURAL OU DE RECICLAGEM.

Os tecidos, as malhas, os botões, os fios podem surgir por caminhos muito bonitos, ou não. Cabe a nós escolhermos o que desejamos vestir e manter existindo no mundo.

Eu tenho dois critérios nas escolhas dos materiais:

a- Fibra de origem natural. Seja ela vegetal, como linho, algodão, cânhamo ou animal, como seda, lã. Isso também quer dizer que a origem pode ser leve e renovável.

Seda: eu sou um Filho do Vale da Seda (maior fabricante de seda do ocidente), a cidade onde eu nasci é uma produtora de seda, meu vizinho criava bichos da seda. Uma das fibras mais lindas, que para existir obrigatoriamente precisa ser orgânica. Outra qualidade é o baixo consumo de água. O Casulo Feliz é um grande parceiro para belos tecidos (430 km daqui).

: amo ter encontrado uma tecelagem de lã com certificação de bons tratos com as ovelhas. A Cootegal (580 km daqui) fornece tecidos invernais com aquele aroma de ovelha do sítio de casa do tio, adoro! Além de consumir pouca água na produção.

Algodão: um dos materiais mais confortáveis, mas também pode trazer grandes problemas de escravidão contemporânea e alto consumos de água e agrotóxicos. Por isso sou bastante criterioso nas escolhas dos fornecedores de algodão. Aradefe  (230 km daqui) me garante malha de algodão orgânico, enquanto a Vicunha (400 km daqui) produz tecidos de algodão com tingimentos naturais, ambos de monocultura nacional, o que evidencia menor consumo de água por ser um país tropical.

Linho: o preferido do ateliê, não à toa. É uma das fibras de menor consumo de água e energia, ótima durabilidade. Por ser uma planta que “até o mês passado, lá no campo ainda era flor”, nos fornece uma fibra renovável.

b- Fibra de origem de reciclagem. Geralmente estão ligadas ao uso de garrafa PET, ou algodão, linho, poliéster de retalhos de sobras de corte que iriam ser descartadas, voltam para as indústrias e são transformadas em fio novamente. Esse mecanismo da economia circular nos faz gerar menos resíduos em aterros e materiais de pegada ecológica mais leve. TexPrima vem fazendo ótimo trabalho com essa finalidade (460 km daqui).

Zero waste. Nada aqui vai para o lixo. O resíduo têxtil gerado é reaproveitado para outros produtos. Sejam etiquetas, enchimentos, almofadas ou caminha de cachorro. “Lixo é um erro de design”.

 

2- PESSOAS DE VERDADE, TALENTOS, DONS.

Faço questão de trabalhar com pessoas próximas e conhecê-las. As parceiras que contribuem para a costura, alfaiataria ou artesanato são todas respeitadas, trabalham no seu tempo, sem pressão, com seus talentos valorizados e bem remuneradas.

Uma das minhas pesquisas é por habilidades manuais e regionais. Para que o design local se enriqueça com esses dons e mais seres sejam beneficiados.

 

3- DESIGN FEITO PARA PESSOAS, AQUI PERTO, COM CLIMA LOCAL.

Meu design é pensado para as necessidades que temos aqui perto, as condições climáticas que vivemos, com estilos globais que recebem releitura e aplicação local.

 

4- MENORES DISTÂNCIAS, MENOS EMISSÃO DE CO².

Escolho uma rede produtiva próxima para contribuir com menor emissão de gases CO² e assim reduzir os impactos climáticas do planeta. Desde a escolha dos tecidos em km para chegar aqui, até as confecções, alfaiataria e artesãs. Além disso, esse efeito de escolher pela proximidade, também favorece a economia local, afinal, queremos uma economia fortalecida, com dinheiro girando próximo de nós.

 

5- DESIGN ATEMPORAL FEITO PARA SEMPRE.

Uma roupa deve ser feita para durar. Tanto pela qualidade, quanto pelo design, sem seguir tendências passageiras, para que continue usável por maior tempo, talvez por gerações.

 

6- SUA IDENTIDADE, SUA ESSENCIA, SUA CARA.

Eu tento, e acredito que consigo, fazer um design centrado no usuário. Muitas das criações feitas no ateliê são feitas sob encomenda, sob medida, após ouvir com ouvidos bem atentos quais os sonhos que a pessoa tem para o seu look, o seu momento. Eu crio pensando nessa pessoa, profundamente. É como um exercício de reconhecimento de símbolos semióticos e verbais para encontrar elementos que traduzam essa pessoa e sua forma de vestir. É uma delícia fazer isso… mais delicioso ainda é a satisfação estampada no rosto da pessoa no dia da prova final do look.

Ahhh, é encantador!!!

Espero com isso criar roupas que tenham laços afetivos com seus usuários, e assim essas roupas vivam por mais tempo…

Ainda nessa relação com o usuário, tenho feito roupas multifuncionais, para que elas tenham mais formas de se usar, 5, 7, 16 modos de vestir. Quanto mais formas de usar, mais fácil é fazer uma bagagem para viagem, ou reduzir o tamanho de seu guarda-roupa…

 

7- SEMPRE QUE PRECISAR DE UM AJUSTE, ESTOU AQUI PARA AJUDAR VOCÊ.

Sabe aquela frase fofa do Pequeno Príncipe? Eu tenho a minha versão dela baseada na responsabilidade: “enquanto eu estiver aqui, sou responsável pelas roupas que criei”. Portando, quando a roupa precisar de ajustes, reformas, me traga que terei alegria em renová-la para você continuar usando-a.

 

8- QUANDO NÃO QUISER MAIS SUA ROUPA, ME TRAGA DE VOLTA QUE DOU UM DESTINO PARA ELA.

Acho triste imaginar uma roupa indo para o “lixo”, virando resíduo. Ainda mais uma roupa que eu fiz. Uma roupa pode levar anos para se decompor, portanto, eu prefiro transforma-la de alguma forma, fazer um upcycling, ou destiná-la a um brechó para encontrar outro usuário. Várias das minhas roupas são agênero e vestem tamanhos de corpos diversos, por esse design, as roupas encontrarão com mais facilidade uma nova pessoa para a dar bom uso.

 

Essas são algumas das ideias que da teoria colocamos na prática aqui no ateliê. Espero que te inspire, que te faça refletir sobre o consumo de produtos…

Um beijão, muaaaaaaa…

 

Luan Valloto