Um convite, dos mais inusitados, chegou direto de Berlim. Veio de Dani, arquiteta, que se tornou amiga quando estudou Ecodesign comigo.

Ela me trouxe um brilhante desafio: criar seu vestido de noiva. A conversa foi longe, as ideias voaram, as texturas surgiram, e os olhos brilharam.

Juntos pensamos em inspirações, fios e tecidos, materiais e formas. Ela contou que usaria, no dia do casamento, um arranjo de cabeça feito de pérolas e escamas de peixes, em formato de flores, confeccionado pela avó, e que já havia sido vestido pela irmã quando noiva. Essa peça tornou-se parte de minha inspiração, marinha, conchas, corais.

Fiz croquis com todos esses elementos no coração. Nessas horas os sonhos brotam nos olhos, não apenas em meus sonhos, e sim também nos da noiva, noivo, família.

Escolhemos materiais com pegada ecológica leve: os fios e tecidos são de seda d’ O Casulo Feliz @ocasulofeliz , produzida no Paraná, pelo cuidadoso Gustavo Serpa Rocha.

Pérolas de água doce vieram pelas mãos de uma amiga que fazia uma viagem.

Então, fiz a moulage do vestido para que, a partir dela, fossem criados os detalhes de renda única de crochê, seguindo formas incrustadas, pelas mãos de Suely Medeiros Piccione. Themis Busse confeccionou o cinto com formas inventadas de conchas e corais. As costuras foram realizadas por mim e minha mãe, Rosa Valloto Rodrigues. Um misto de euforia e ansiedade foram essenciais nesse processo criativo conjunto.

Poucas pessoas sabem como é ajudar a construir o sonho de uma noiva. Presenciar/sentir/ver o sorriso de alguém que veste uma peça criada a partir de seus sonhos é uma das grandes maravilhas da vida de um criador.

Foto: @pati.amancio